domingo, fevereiro 15, 2004

Uma lâmina de fogo
Dilacera impiedosamente
Uma indestrutivel carapaça de pedra
Meticulosamente esculpida,
Eliminando de forma atroz
Qualquer vestigio de segurança
Que ainda não havia sucumbido.
Permite desta forma
Que o pequenino ser que nela habitava
Se vulnerabilizasse perante a tempestade
Que se faz sentir nesse soalheiro dia!
Em que,
Um raio de sol
Ganha a dimensão de um trovão,
E uma leve brisa
Aparenta um tornado,
Enquanto uma pequena lágrima
Sem razão aparente,
Numa tempestade se transforma...

O ser, já de si minúsculo
Encolhe-se mais ainda,
Relembrando a sua protectora concha.

E,
Premindo as pálpebras
Até o azul celeste se acizentar,
E de seguida se enegrecer,
finge ser nada...
E a sua infima existencia
Não será objecto de pensamento
De nenhum outro ser.
Nunca existiu!