Estava em casa, num daqueles dias de muito calor, em que só apetece estar debaixo do ar condicionado ou de uma ventoinha (como era o caso), de papo para o ar, a olhar para a televisão enquanto passavam imagens de um qualquer episódio já várias vezes repetido de Anatomia de Grey, enquanto embalada nos braços de Morfeu tocava quase a inconsciência.
Sou sacudida por vozes de criança que, por baixo da minha janela, brincam como se se tratasse do último dia de férias.
Com uma cara de pescada cozida (blarghhhhh), levanto-me e apoio-me no peitoril da varanda, de onde fico a observar as criaturas que me fizeram acordar.
Distraidamente observo as crianças, são doze. 5 raparigas, 7 machos, entre os 4 e os 10 anos de idade. Cada qual com um carrinho, e há ainda mais três carrinhos estacionados, naquilo que me parece ser uma garagem imaginária.
Socorrem-se de folhas, de areia, de pauzinhos, de tudo o que haja à mão e deixam a imaginação fluir numa vida muito real de quem ainda não viveu tudo, mas já viu viver muita gente.
O acordar, tomar banho, pequeno almoço - os rapazes exigiam que as meninas preparassem o "matabicho" para eles, cumprindo assim o seu papel de mulheres, o transito que os fez chegar tarde ao trabalho, o chefe que se zanga com o empregado, tudo isto faz parte do imaginário infantil moçambicano.
Quando olho para o relógio, passam já 45 minutos desde a hora em que me levantei mal humorada.
Faço uma rápida comparação com muitas crianças que eu conheço, que não sabem o que é brincar com areia, cujos pais ficariam escandalizados se as vissem no estado em que estas se encontram, sujas de terra até aos ossos, a pegar em pedras, paus, folhas, tudo vale, desde que cumpra os objectivos, que é fingir a realidade dos adultos.
E parecem-me tão felizes! Verdadeiramente felizes!
Sinto-me refrescada, renovada.
Foi uma hora definitivamente bem passada!
Sou sacudida por vozes de criança que, por baixo da minha janela, brincam como se se tratasse do último dia de férias.
Com uma cara de pescada cozida (blarghhhhh), levanto-me e apoio-me no peitoril da varanda, de onde fico a observar as criaturas que me fizeram acordar.
Distraidamente observo as crianças, são doze. 5 raparigas, 7 machos, entre os 4 e os 10 anos de idade. Cada qual com um carrinho, e há ainda mais três carrinhos estacionados, naquilo que me parece ser uma garagem imaginária.
Socorrem-se de folhas, de areia, de pauzinhos, de tudo o que haja à mão e deixam a imaginação fluir numa vida muito real de quem ainda não viveu tudo, mas já viu viver muita gente.
O acordar, tomar banho, pequeno almoço - os rapazes exigiam que as meninas preparassem o "matabicho" para eles, cumprindo assim o seu papel de mulheres, o transito que os fez chegar tarde ao trabalho, o chefe que se zanga com o empregado, tudo isto faz parte do imaginário infantil moçambicano.
Quando olho para o relógio, passam já 45 minutos desde a hora em que me levantei mal humorada.
Faço uma rápida comparação com muitas crianças que eu conheço, que não sabem o que é brincar com areia, cujos pais ficariam escandalizados se as vissem no estado em que estas se encontram, sujas de terra até aos ossos, a pegar em pedras, paus, folhas, tudo vale, desde que cumpra os objectivos, que é fingir a realidade dos adultos.
E parecem-me tão felizes! Verdadeiramente felizes!
Sinto-me refrescada, renovada.
Foi uma hora definitivamente bem passada!
6 comentários:
Concordo!
Bjs meus
E as brincadeiras deviam ser sempre assim... :) Que bonito!!:)
eu deixo a minha prole à vontade....
só evito rambóias junto à estrada que elas ainda são pequenas!
Beijo
O que eu me diverti no quintal cheiinha de areia... uiiii..
e a apanhar azedas da terra e comê-las como se não houvesse amanhã..
Isso é que era... hehehe
:)))))
O que eu me diverti no quintal cheiinha de areia... uiiii..
e a apanhar azedas da terra e comê-las como se não houvesse amanhã..
Isso é que era... hehehe
:)))))
Pearl que bom que onde você mora ainda pode-se criar as crianças soltas pelas ruas da vizinhança. Creio que isso ajuda a ter uma infância mais saudável.
Um abraço moça.
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