sexta-feira, setembro 27, 2013

Amor até que a morte os separe?

Oiço vezes sem conta dizer que o amor acaba com o tempo mas hoje presenciei uma cena que pôs um ponto de interrogação nessa afirmação.
Na área de ginecologia do Hospital Central da Beira, observo as pessoas que aguardam a marcação de consultas. Chama-me a atenção um senhor sentado pacientemente na área de espera, e lanço-lhe um segundo olhar.
Vestia umas calças vermelhas e uma camisa no mesmo tom, ostentava uma gravata azul riscada a branco na lateral e o casaco puído e manchado relembra-me um que o meu pai envergava nas primeiras fotografias em que me pegou ao colo. O cabelo, branco da idade, e na cara as marcas de quem já viveu muito, não escondem agruras que eventualmente passou, os olhos são amistosos e apesar da dor parece encarar o mundo com um sorriso. Tem com toda a certeza mais de 70 anos.
Não teria reparado com tanta atenção se não fosse o único indivíduo do sexo masculino que ali se encontrava.
Perguntei-me o que faria ali, até o ouvir responder à enfermeira que elevava o tom de voz enquanto chamava aquela que calculei ser a sua mulher.
Uma pequena troca de olhares fez-me perceber que aquela havia sido e continuaria a ser a sua mulher  enquanto existissem...

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