A tristeza constrói-se. É preciso muito pensamento para se estar triste. É preciso muita pena de si próprio por ausência de outrem, muito drama mental, que a fatalidade nos atinja de tal forma que não consigamos dedicar nem um segundo a algo de positivo.
Se nós concentrarmos realmente nisso, podemos conseguir ficar tristes.
Acredito que o importante é relaxar e pensar que independentemente dos nossos pensamentos só temos domínio sobre as nossas acções e o resto virá por acréscimo.
Então, quando conseguirmos nos concentrar apenas no que está ao nosso alcance, deixaremos de gastar a maior parte do tempo de que dispomos com tristezas, mas passaremos a aproveitar a nossa vidinha...
A título de exemplo: não adianta nada eu resmungar e ficar triste porque estou sozinha no Buziville, ou porque a electricidade é pior que as marés, ou porque não tenho trabalho suficiente para me entreter, as reclamações só me farão mergulhar numa espiral continua de tristeza, e enterrar-me cada vez mais fundo.
É preciso pôr um basta e olhar para inúmeras crianças que brincam descalças ao nosso redor, que não sabem se terão o que comer na próxima refeição e mesmo assim não nos deixam de oferecer a título gratuito um sorriso repleto de sinceridade.
É preciso devolver esse sorriso e deixar que ilumine a nossa vida de esperança.
É preciso alcançar que tristeza de verdade, é não ter para quem chorar, como diz Mia Couto.
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